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O Observatório Vera C. Rubin, que iniciou suas operações recentemente no Chile, detectou 10 milhões de galáxias em sua primeira semana. Este observatório fotografa todo o céu visível a cada poucas noites, criando o "filme do universo" mais completo até hoje.

Depois desse início que superou todas as expectativas, o observatório localizado no Chile promete não só responder aos grandes enigmas da astronomia, mas também descobrir fenômenos que hoje nem conseguimos imaginar.

O universo tem sido, em grande parte, silencioso e escuro para nós. Apesar dos nossos avanços, vemos apenas instantâneos, fotografias estáticas de um cosmos que é, na verdade, vibrante e dinâmico. Mas isso está prestes a mudar. Nos picos áridos do Cerro Pachón, no Chile, um novo gigante abriu os olhos para o céu, e seu primeiro piscar foi deslumbrante.

Em suas primeiras semanas de operação, o Observatório Vera C. Rubin já demonstrou um poder avassalador: catalogou milhões de galáxias e descobriu milhares de asteroides com uma velocidade sem precedentes. No entanto, esse sucesso inicial não é a manchete; em vez disso, é a primeira evidência de que a ferramenta mais poderosa para explorar o universo dinâmico já está em andamento. A verdadeira questão é: se isso é apenas o começo, o que vem a seguir?

O Filme Universo, Ao Vivo

A missão Vera C. Rubin é um projeto de uma década: o Legacy Survey of Space and Time (LSST). Seu objetivo não é capturar belos cartões-postais do cosmos, mas algo muito mais ambicioso. A cada três noites, sua câmera de 3.200 megapixels — a maior já construída — varrerá todo o céu visível do hemisfério sul. O resultado, dez anos depois, será um filme sem precedentes de metade dos céus.

Essa abordagem nos permitirá passar de uma visão estática para uma dinâmica, observando as mudanças no universo quase em tempo real. É o equivalente a passar de uma única foto de uma cidade para as gravações de todas as suas câmeras de segurança por uma década.

Os Quatro Grandes Mistérios em Seu Foco

O cerne da missão Vera C. Rubin é abordar quatro das áreas mais importantes da cosmologia moderna. Estes são os principais mistérios que ela ajudará a solucionar:

1. Desvendando a Energia Escura e a Matéria Escura. Este é o seu objetivo mais fundamental. A matéria que vemos — estrelas, planetas, nós — compõe apenas 5% do universo. O restante é um completo enigma, dividido entre matéria escura (27%) e energia escura (68%). Ao mapear a localização e a forma de bilhões de galáxias, Rubin medirá como a gravidade da matéria escura as une e como a energia escura acelera a expansão do universo. Este trabalho honra o legado da própria Vera Rubin, a astrônoma que forneceu as evidências fundamentais para a existência da matéria escura.

2. Complete o Inventário do Sistema Solar (e nos Proteja) O telescópio será uma verdadeira fábrica de detecção de asteroides. Durante sua missão, espera-se que descubra dezenas de milhares de asteroides potencialmente perigosos (APPs) — aqueles com mais de 140 metros de diâmetro e cuja órbita se aproxima da Terra. Isso nos fornecerá o mapa de riscos mais completo até o momento. Também explorará os confins gelados de nossa vizinhança cósmica, descobrindo milhares de novos objetos no Cinturão de Kuiper, os restos congelados da formação do nosso sistema solar. Será que Rubin finalmente encontrará o hipotético Planeta Nove? É, sem dúvida, nossa melhor aposta.

3. Mapeando a Via Láctea em Quatro Dimensões. Nossa própria galáxia ainda guarda segredos. Rubin observará a Via Láctea com detalhes impressionantes, mapeando a posição e o movimento de bilhões de estrelas ao longo do tempo. Isso permitirá que os cientistas vejam "fluxos estelares" — os remanescentes fantasmagóricos de galáxias menores que a nossa canibalizou ao longo de sua história — e reconstituam a biografia violenta do nosso lar galáctico.

4. Explore o "Universo Transiente". Todas as noites, o sistema de Rubin processará uma enxurrada de dados e emitirá cerca de 10 milhões de alertas automáticos sobre qualquer objeto que tenha mudado de brilho ou posição. Esse fluxo constante de informações incluirá supernovas (a explosão de estrelas moribundas), o cintilar de estrelas distantes causado pela passagem de exoplanetas ou a explosão causada por buracos negros devorando matéria. Astrônomos de todo o mundo poderão usar esses alertas para apontar outros telescópios e estudar esses fenômenos fugazes à medida que ocorrem.

Uma Nova Era de Descobertas

O Observatório Vera C. Rubin marca o início de uma nova maneira de fazer astronomia, impulsionada por Big Data e monitoramento constante. Não só responderá a perguntas que já fazemos, como seu maior legado poderá ser justamente o inesperado: a descoberta de fenômenos cósmicos inteiramente novos que nem sabemos que existem hoje.

Na próxima década, muitas das notícias mais importantes sobre o cosmos virão de dados coletados no Cerro Pachón. Uma janela sem precedentes se abriu, e do outro lado aguardam os segredos de um universo que finalmente poderemos ver em movimento.


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